Os surdos são um grupo minoritário com necessidades específicas de educação que há muito tempo é alvo de debates entre os especialistas e profissionais da área educacional. A diversidade de modelos educacionais propostos para atender essa população reflete a complexidade das questões envolvidas, em especial no que se refere à valorização da língua de sinais e à inclusão nas escolas regulares.

Silva e Favorito (2019) discutem as principais aproximações para a educação de surdos, destacando suas características e desafios. O modelo tradicional de escola para surdos, denominado de oralismo, defendia a exclusão dos surdos da cultura e da língua de sinais em favor de um ensino voltado à audição e à fala. Entretanto, essa abordagem trouxe poucos resultados positivos, além de reforçar preconceitos e dificultar a relação dos alunos surdos com o mundo exterior.

A partir da década de 1980, surgiram novas perspectivas que evidenciavam a importância da língua de sinais e da cultura surda na educação desses indivíduos. O modelo comunicativo enfatiza a utilização da língua de sinais como língua natural dos surdos, enquanto o bilinguismo propõe o ensino da língua de sinais conjuntamente com a língua portuguesa, tornando possível sua inclusão nas escolas regulares.

Apesar dessas abordagens terem avançado na compreensão da complexidade da educação de surdos, ainda persistem limitações como a falta de profissionais qualificados e o desconhecimento da língua de sinais por grande parte da população. Ademais, há a necessidade desse grupo ter direito a uma educação inclusiva com a presença de intérpretes nas escolas, a adaptação de material didático e o reconhecimento da língua de sinais como uma língua oficial.

Diante disso, é imprescindível que o debate sobre o modelo educacional para surdos seja contínuo e crítico, em busca de abordagens pedagógicas que valorizem a singularidade dessa comunidade e a tornem protagonista de sua própria educação. É necessário que o uso da língua de sinais seja reconhecido como fundamental na formação desses indivíduos e, assim, contribuir para uma sociedade mais inclusiva e justa.

Referência bibliográfica:

SILVA, J. V. F.; FAVORITO, L. O. Modelos de educação bilíngue para surdos: um olhar crítico. In: MOREIRA, D. L. C. e SOUZA, R.A.S. (orgs.). Educação Inclusiva. Campinas: Alínea, 2019. p. 129-147.